Capítulo 4
O CÂNON DO NOVO TESTAMENTO
A palavra “cânon” é usada para designar um conjunto de leis, documentos ou livros religiosos. A reunião dos diferentes livros que hoje compõem o Novo Testamento começou de uma forma pálida, na metade do século II D.C. (Depois de Cristo). Até aquele momento os cristãos só reconheciam o Antigo Testamento como “Escritura Sagrada”. Os quatro evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João) e as cartas de Paulo circulavam nas congregações cristãs sem ser considerados como documentos oficiais. Foi em um sermão de Clemente, um dos Pais Apostólicos, que, pela primeira vez, os evangelhos e as cartas apostólicas foram designados como “Escrituras”, em pé de igualdade com o Antigo Testamento. Entretanto, foi somente por volta do ano 200 D.C. que o cristianismo passou a dispor de um só conjunto de livros, que hoje forma o Novo Testamento que possuímos. Foi um cristão chamado Marciano quem compôs a primeira lista dos livros que julgava próprios para integrarem um só conjunto. Entretanto não foi fácil decidir quais eram os escritos autênticos entre os muitos existentes sobre a fé cristã. Somente por volta do ano 400 D.C. é que o Novo Testamento tomou, nas igrejas do Ocidente, a forma que possui até os nossos dias. Nas igrejas do Oriente isso só ocorreu bem mais tarde.
É bom lembrar que além dos vinte e sete livros que compõem o Novo Testamento circulavam, nos primeiros séculos da igreja cristã, muitos escritos, instruções e sermões dos chamados Pais Apostólicos e seus discípulos. Assim, o processo de seleção dos diferentes documentos existentes não foi fácil. Prevaleceu o critério de que somente seriam escolhidos os escritos reconhecidamente redigidos pelos primeiros apóstolos, ou um de seus discípulos imediatos (caso de Lucas). Assim, o Novo Testamento foi formado por documentos de autoria apostólica indiscutível.
Com o cânon fechado a igreja passou a possuir um forte recurso para combater as diversas heresias que perturbavam a vida dos cristãos daqueles dias. Somente a verdade consagrada no cânon estabelecido seria a autêntica doutrina da igreja. Nada mais poderia ser anexado a esse conjunto. Assim ficou preservado o cristianismo tal como foi anunciado nos seus primeiros dias de existência.
Somos agradecidos a Deus pelo Novo Testamento tal como temos hoje. Possuímos nele textos confiáveis, básicos para a nossa fé cristã. Com ele a igreja está segura da sua doutrina, pois realmente o Novo Testamento contém o autêntico evangelho do Reino de Deus pregado por Jesus e os seus apóstolos. Amém!
Por Erasmo Ungaretti
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